Pular para o conteúdo principal

A Primeira Parada Cardíaca..

Naquele minuto em que minha irmã deixou o quarto pra fazer a enfermeira ir me examinar, tudo aconteceu. Minha mãe havia descido pra buscar o Ari, meu irmão mais velho, e ela conta que quando eles saíram do elevador um médico gritou do outro lado do corredor "Emergência, parada", e quando ela ouviu isso ela segurou a mão do meu irmão e disse "É ela Ari, e a Thaís", e a médica que estava na frente deles perguntou "aonde?" e responderam "no 3°A". Quando falaram "no 3°A" a mãe disse que o chão se abriu, ela tinha certeza que era eu. Eles saíram correndo atrás dos médicos e quando chegaram lá eu estava morta. Meu coração tinha parado, eu estava roxa. Os médicos tentando me reanimar, e minha irmã desesperada querendo bater na enfermeira. A mãe conta que ela se sentou no chão e chorava desesperada: - "Mãe eu falei pra ela, eu falei pra'quela desgraçada que a Thaís não estava bem, eu sabia que ela não estava fingindo". E meu irmão entrou em desespero por não ter chegado a tempo... Meu pai, tadinho, ele não sabia o que fazer, porque ele viu quando aconteceu, ele que estava lá... Tiraram ele do quarto pra me reanimar e ele estava em choque. Ficaram quase 5 minutos pra me trazer de volta! Quando acordei lembro que o quarto estava cheio de médicos, e eu perguntei o que tinha acontecido, e o médico, um senhor bem velhinho, disse pra mim "- A gente te trouxe de volta minha filha, agora tá tudo bem". Lembro de pedir pra ver minha família, todos estavam chorando e eu pedi que se acalmassem, que eu estava bem! Quando vi meu irmão a primeira coisa que falei foi -" Me perdoa, me desculpa por todas as nossas brigas, eu te amo". E eles choravam. O médico brigou muito com a enfermeira, e fez ela pedir desculpas pra minha família. A mãe conta que ele ligou pra UTI e não queriam liberar um leito pra mim, e ele gritava no telefone que estava subindo comigo e queria ver se não iam me dar um leito, ele chamou a mãe e disse: - "Nós estamos subindo com ela pra UTI, e a senhora vem comigo e me coloca a par do caso dela, quero saber tudo." Fui pra UTI e fiquei 4 dias lá. Os exames mostraram que havia tumor nos dois pulmões. Foi aí que a Onco assumiu o meu caso, a partir dali a urologia ia cuidar somente da bolsinha, o resto era com a Oncologia. Meu primeiro residente na Onco foi o Dr. Douglas, que pessoa mais incrível! Queriam marcar a cirurgia do pulmão pro dia 2 de fevereiro, e eu passaria meu aniversário todo no hospital. Convenci os médicos a me deixarem ir pro Planeta Atlântida antes da cirurgia, o planeta seria nos dias 04 e 05 de fevereiro. Eles me deram alta dia 02, saí do hospital e corremos pra comprar os ingressos. A Dada e o Jeff iam levar eu e a Camilla! Corremos contra o tempo e fizemos uma faixa enorme e linda pro Vitor Kley. Na sexta fomos pra Atlântida, eu tava magrinha, tinha ganhado alta exclusivamente pra ir ao planeta, não podia pegar uma gripe porque a cirurgia estava marcada pra terça feira dia 08/02/12.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Adolescência Parte I.

A adolescência é a melhor fase da nossa vida! Quando somos adolescentes pensamos que somos os donos do mundo, os donos da verdade, e achamos que somos invencíveis.. Mas não somos! Conforme a gente vai crescendo, vai amadurecendo e vendo que a adolescência mesmo com seus dramas, é a melhor fase da nossa vida! A minha adolescência foi a melhor e a pior fase da minha vida.  A melhor porque eu aproveitei, eu curti, me diverti, eu fiz amigos, eu namorei, eu vivi... E a pior porque também foi nela que eu sofri, que os problemas de saúde vieram com força. Eu achei que não suportaria passar por tudo aquilo, foi difícil, mas eu suportei! Com 13 anos dei o primeiro beijo, foi uma situação engraçada, porque de vergonha eu fugi do menino, e ele ficou parado sem entender nada hahaha. Como quando a gente tem essa idade os sentimentos são diferentes né?! Uma paixonite nessa época fazia a gente sofrer tanto, coisas que hoje a gente vê que eram bobas! Com essa idade meus problemas de saúde estavam e

As respostas

    Quantas perguntas sem resposta, quanto medo, quanta dúvida... Um turbilhão de sentimentos tomava conta dos meus pais. Eu era criança, sabia que estava acontecendo algo ruim, afinal sentia muita dor, e via meus pais preocupadíssimos, mas não fazia ideia da dimensão de tudo aquilo. Aos poucos começaram a vir as respostas, fui encaminhada ao urologista do Hospital da Criança Conceição, Dr. Ivan Reni, um excelente médico. Dr. Ivan estudou muito meu caso, fez uma junta médica com vários médicos conceituados que vieram do Canadá e lembro de estar na consulta, e ele falar pra gente que o meu caso era raríssimo, não existia quase casos publicados na literatura médica, e naquela época haviam só 11 pessoas no mundo, com o mesmo tipo de tumor que o meu. Eu era muito pequena, então não podia fazer cirurgia pra retirar a massa, pois se fizesse ficaria com incontinência urinária pro resto da vida!  Aí a gente se pergunta: então ela vai morrer? É cancêr? Não é câncer porque é benigno, mas é um t

Como tudo começou..

Lembro como se fosse hoje o dia em que tudo começou. Eu tinha 4 anos, minha mãe estava grávida do meu irmão mais novo, e meu pai, na época, cuidava de duas lancherias. Naquela tarde fomos até a lancheria principal, pois o papai ia todos os dias nas duas ver como estavam as coisas. Ao chegarmos no Bastantão (nome da nossa lancheria), pedi que minha mãe me levasse ao banheiro, e fomos. Naquele momento senti aquela leve ardência ao sair o xixi, lembro que reclamei à minha mãe que o xixi estava "queimando". Com 4 anos você não tem muita noção do tipo de dor que está sentindo. Minha mãe estranhou, mas, como estava bem, não deu muita bola. Cerca de 5 minutos depois pedi novamente pra ir ao banheiro, minha mãe me olhou estranhando " - mas Thaís, a mãe acabou de te levar ao banheiro." disse a mãe. Mesmo assim, me levou ao banheiro, porém dessa vez não consegui fazer xixi, saiu apenas gotinhas e doía muito, e comecei a chorar. O pai então resolveu que fossemos logo à outra l