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2012, o ano de mil anos

5 dias depois que minha irmã mandou fazer a peruca, ela ficou pronta. Ficou perfeita, igualzinha ao meu cabelo antes de cair, quase não dava pra perceber que era uma peruca. Eu nunca vou poder agradecer a minha irmã, por tudo que ela fez por mim! Após aquilo os médicos estavam numa sinuca de bico, não sabiam o que fazer, não tínhamos opções, haviam esgotado todas. Mas minha irmã não se conformou tão fácil e resolveu buscar uma segunda opinião. Foram ela e a mãe, em uma consulta com o Dr. Carlos Henrique Barrios, do Centro de Pesquisa da PUC, explicaram meu caso e ele se interessou. Folhando uns exames antigos ele notou o nome de uma médica amiga sua, na mesma hora pegou o telefone e ligou pra ela: - Ana, você lembra do caso de uma menina, assim, assim, assim, de tal ano, que foi tu que laudou?" , a médica lembrou, e então ele pediu que ela enviasse pra ele todo material que ela tinha guardado (e por um milagre de Deus ela tinha guardado), pra que ele enviasse para o Japão, porque
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A metástase da coluna

Depois de uma semana sem dormir, me encaminharam pro neuro. A neurologia do Grupo Hospitalar Conceição, é no Hospital Cristo Redentor, e a única maneira de eu conseguir uma consulta era indo pra emergência. Eu fui, lembro que passamos uma madrugada longa e fria na emergência do Cristo, eu e a mãe. O médico fez tomo, fez ressonância, e falou pra gente que tinha uma metástase na minha coluna. Esse era o motivo da minha dor na perna, tinha um tumor na L4 comprimindo o nervo. Ela tava crescendo muito rápido, e que eu teria que fazer cirurgia na coluna pra retirar o tumor. Falaram que iam conseguir um leito e preparar tudo pra cirurgia e me ligavam, fui pra casa. Nesses 10 dias que eu fiquei em casa já não consegui mais andar normal, meu pai alugou muletas e eu não conseguia andar mais sem elas. O Cristo me ligou pra eu internar. Fui, internei, eles começaram a fazer os exames pré-operatórios, e a dor já tava insuportável. Eu não dormia mais se não tivesse uma dose cavalar de rivotril. Com

A Recuperação

Após aquele episódio tenso e inexplicável, foram dias e dias de uma recuperação longa e dolorosa. A minha cirurgia da bexiga não foi um terço do que foi essa do pulmão. É MUITO doloroso ter todo teu peito mexido, a recuperação é muito lenta. Os 20 primeiros dias foram no hospital, depois fui pra casa. Quando voltei pra casa tentei voltar a minha rotina normal, com meus amigos e tudo que eu vinha fazendo. Os últimos meses tinham sido os melhores da minha vida na questão de aproveitar, embora estivessem sendo os piores no quesito saúde, pra mim apesar de tudo ainda foram os melhores porque eu vivi como nunca. Meus amigos foram incansáveis, eles não saíam do meu lado, eles faziam de tudo pra tirar um sorriso de mim, e talvez na época eu não tenha dado o devido valor a eles e hoje vejo com clareza isso.A Camilla, o William, o Flávio, o Luisinho, a Dani, a Thami, o Eduardo... Todos eles naquela época, sem eles, eu não teria aguentado metade do que aguentei!  1 mês depois da cirurgia, na co

A cirurgia do Pulmão

Aquele planeta Atlântida foi incrível! Foi o melhor fim de semana da minha vida! Na sexta foi o show do Armandinho. E planeta não é planeta sem chuva né?! Caiu uma chuva de lavar a alma durante o show da Fresno. Vi o último show do Charlie Brown Jr no planeta, que show... Por volta das 23h estávamos no camarote, quando vejo o Fetter. Saimos correndo e atacamos ele, tiramos foto, e eu resolvi tentar, falei pra ele que eu tinha câncer no pulmão, que tinha ganhado alta somente pra ir no planeta, que domingo era meu aniversário e que eu era apaixonada pelo Armandinho, se ele podia chamar ele. Na hora ele falou que a van do Armandinho havia acabado de sair, eu desanimada fiquei triste, nem um minuto depois ele voltou e disse pra eu não sair dali. Dois minutos depois alguém toca meu ombro, era o Armando. Meu Deus lembro até hoje o abraço que ele me deu! Fez eu contar minha história, e eu chorava e dizia pra ele que eu amava ele. Ele foi incrível! Ele não acreditou que eu tivesse passado por

A Primeira Parada Cardíaca..

Naquele minuto em que minha irmã deixou o quarto pra fazer a enfermeira ir me examinar, tudo aconteceu. Minha mãe havia descido pra buscar o Ari, meu irmão mais velho, e ela conta que quando eles saíram do elevador um médico gritou do outro lado do corredor "Emergência, parada", e quando ela ouviu isso ela segurou a mão do meu irmão e disse "É ela Ari, e a Thaís", e a médica que estava na frente deles perguntou "aonde?" e responderam "no 3°A". Quando falaram "no 3°A" a mãe disse que o chão se abriu, ela tinha certeza que era eu. Eles saíram correndo atrás dos médicos e quando chegaram lá eu estava morta. Meu coração tinha parado, eu estava roxa. Os médicos tentando me reanimar, e minha irmã desesperada querendo bater na enfermeira. A mãe conta que ela se sentou no chão e chorava desesperada: - "Mãe eu falei pra ela, eu falei pra'quela desgraçada que a Thaís não estava bem, eu sabia que ela não estava fingindo". E meu irmão

A metástase do Pulmão

E naquele 16 de dezembro de 2011 eu recebi a pior notícia que poderia receber... O câncer realmente estava de volta, agora nos meus pulmões. Meu chão se abriu. Eu não reagi, as lágrimas simplesmente começaram a escorrer pelos meus olhos e a voz do Dr. Valdir foi ficando distante. Eu não conseguia acreditar. Eu tava bem! Eu tava na melhor fase da minha vida, eu tinha amigos incríveis, eu saía, eu me divertia, de uma maneira que eu nunca tinha feito antes, e eu não queria perder tudo aquilo de novo pro câncer... Eu não queria passar por tudo aquilo de novo, e o pior: enfrentar uma quimioterapia. A ideia de perder meus cabelos depois de perder minha bexiga era devastadora. Eu saí daquela sala em choque, em negação, eu não queria acreditar. Como estávamos muito perto das festas de fim de ano, o médico aceitou que eu passasse as festas em casa com a minha família, pra assimilar tudo que tava acontecendo, mas assim que passasse o primeiro do ano, eu já estava com a internação marcada para di

Como viver assim?

O tempo foi passando, até eu conhecer a Camilla e começar a sair do buraco fundo que eu mergulhei o processo foi longo. Foram meses imaginando que todos a minha volta me olhavam e sentiam nojo de mim. Minhas roupas eram cada vez mais largas na tentativa de esconder a urostomia. A urostomia nada mais é do que um buraquinho ao lado direito da minha barriga, por onde sai o xixi, que vai pra uma bolsa coletora e eu vou esvaziando conforme enche. Eu não tenho mais bexiga. Eu nunca mais vou fazer xixi pelos meios normais. Eu nunca mais vou saber a sensação de estar com a bexiga estourando pra fazer xixi. Isso nunca mais vai acontecer porque infelizmente não existe transplante de bexiga. E eu tive que aprender a lidar com isso. Eu tive que aprender a lidar com a minha urostomia. Tive que aprender a trocar, fazer a higiene, tudo. Eu nunca aceitei a minha uro, com o tempo eu fui aprendendo a conviver com ela. Com o tempo eu fui descobrindo quais tipos de roupa podia e não podia usar. No início