Pular para o conteúdo principal

A Recuperação

Após aquele episódio tenso e inexplicável, foram dias e dias de uma recuperação longa e dolorosa. A minha cirurgia da bexiga não foi um terço do que foi essa do pulmão. É MUITO doloroso ter todo teu peito mexido, a recuperação é muito lenta. Os 20 primeiros dias foram no hospital, depois fui pra casa. Quando voltei pra casa tentei voltar a minha rotina normal, com meus amigos e tudo que eu vinha fazendo. Os últimos meses tinham sido os melhores da minha vida na questão de aproveitar, embora estivessem sendo os piores no quesito saúde, pra mim apesar de tudo ainda foram os melhores porque eu vivi como nunca. Meus amigos foram incansáveis, eles não saíam do meu lado, eles faziam de tudo pra tirar um sorriso de mim, e talvez na época eu não tenha dado o devido valor a eles e hoje vejo com clareza isso.A Camilla, o William, o Flávio, o Luisinho, a Dani, a Thami, o Eduardo... Todos eles naquela época, sem eles, eu não teria aguentado metade do que aguentei!
 1 mês depois da cirurgia, na consulta de revisão, refiz os exames e a notícia: os tumores haviam voltado. Tão rápido que nem o médico acreditou. Eles não conheciam o comportamento do tumor, não sabiam o que esperar, se eu ia morrer, se ia viver... Outra cirurgia era impossível, tinha acabado de fazer uma a 30 dias. Fomos pra radioterapia, era a solução. Mas já me deixaram ciente de que a quimio era questão de tempo. Eu emagreci muito e MUITO rápido. Eu não aceitava que eu não podia mais ir pros meus shows. O Armandinho veio pra Porto Alegre e eu fui ver ele, e quando ele me viu magrinha daquele jeito e com aquelas cicatrizes recentes, ele não deixou que eu fosse no show no meio da multidão, disse que eu ia com ele. Nós fomos, eu e a Camilla, pro hotel e fomos com ele pro show, vimos o show de cima do palco. Foi a noite mais feliz pra mim naquela época. E vocês não tem noção do carinho e cuidado dele comigo. O Armando é um ser abençoado, e digo isso não como artista, mas como ser humano mesmo, ele é incrível. 
Depois disso a radio foi cada vez mais me debilitando. Já no show eu sentia uma dor muito forte na perna esquerda, cada vez que eu caminhava parece que o nervo pinçava e doía muito, mas eu não dei bola, achei que fosse o ciático e fui jogando com relaxante muscular...
 Em Abril daquele ano 2012 a banda Fresno ia fazer um show em Canoas, e vendeu ingressos com direito a conhecer a banda. Era a banda favorita da Camilla, ela tinha feito tudo pra eu conhecer meu ídolo, era minha obrigação levar ela pra conhecer o dela. Me falaram pra eu não ir, porque se eu fosse as coisas iam ficar "pretas" pro meu lado. Eu não dei ouvidos e fui. Ficar em pé a noite toda fez aquela dor na perna triplicar. Eu cheguei do show e não consegui dormir de dor, dorflex e sedalex juntos eram o mesmo que água. Eu fiquei 3 dias sem dormir, porque não tinha posição pra perna parar de doer. A radio acabou naqueles dias, então eu tinha consulta marcada e fui, eu parecia um zumbi, porque não dormia a quase uma semana, só conseguia cochilar quando sentava no sofá e abraçava minha perna, daquela forma ela não doía tanto e assim eu cochilava. Eu cheguei a tomar 4 dorflex e 2 sedalex numa tacada só e não fez nem cócegas na dor. O médico sabia que tinha algo sério acontecendo, os tumores do pulmão haviam diminuído um pouco com a radio, mas aquela dor na perna não era bom sinal, então ele me encaminhou pra neurologia pra saber o que era...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Adolescência Parte I.

A adolescência é a melhor fase da nossa vida! Quando somos adolescentes pensamos que somos os donos do mundo, os donos da verdade, e achamos que somos invencíveis.. Mas não somos! Conforme a gente vai crescendo, vai amadurecendo e vendo que a adolescência mesmo com seus dramas, é a melhor fase da nossa vida! A minha adolescência foi a melhor e a pior fase da minha vida.  A melhor porque eu aproveitei, eu curti, me diverti, eu fiz amigos, eu namorei, eu vivi... E a pior porque também foi nela que eu sofri, que os problemas de saúde vieram com força. Eu achei que não suportaria passar por tudo aquilo, foi difícil, mas eu suportei! Com 13 anos dei o primeiro beijo, foi uma situação engraçada, porque de vergonha eu fugi do menino, e ele ficou parado sem entender nada hahaha. Como quando a gente tem essa idade os sentimentos são diferentes né?! Uma paixonite nessa época fazia a gente sofrer tanto, coisas que hoje a gente vê que eram bobas! Com essa idade meus problemas de saúde estavam e

As respostas

    Quantas perguntas sem resposta, quanto medo, quanta dúvida... Um turbilhão de sentimentos tomava conta dos meus pais. Eu era criança, sabia que estava acontecendo algo ruim, afinal sentia muita dor, e via meus pais preocupadíssimos, mas não fazia ideia da dimensão de tudo aquilo. Aos poucos começaram a vir as respostas, fui encaminhada ao urologista do Hospital da Criança Conceição, Dr. Ivan Reni, um excelente médico. Dr. Ivan estudou muito meu caso, fez uma junta médica com vários médicos conceituados que vieram do Canadá e lembro de estar na consulta, e ele falar pra gente que o meu caso era raríssimo, não existia quase casos publicados na literatura médica, e naquela época haviam só 11 pessoas no mundo, com o mesmo tipo de tumor que o meu. Eu era muito pequena, então não podia fazer cirurgia pra retirar a massa, pois se fizesse ficaria com incontinência urinária pro resto da vida!  Aí a gente se pergunta: então ela vai morrer? É cancêr? Não é câncer porque é benigno, mas é um t

Como tudo começou..

Lembro como se fosse hoje o dia em que tudo começou. Eu tinha 4 anos, minha mãe estava grávida do meu irmão mais novo, e meu pai, na época, cuidava de duas lancherias. Naquela tarde fomos até a lancheria principal, pois o papai ia todos os dias nas duas ver como estavam as coisas. Ao chegarmos no Bastantão (nome da nossa lancheria), pedi que minha mãe me levasse ao banheiro, e fomos. Naquele momento senti aquela leve ardência ao sair o xixi, lembro que reclamei à minha mãe que o xixi estava "queimando". Com 4 anos você não tem muita noção do tipo de dor que está sentindo. Minha mãe estranhou, mas, como estava bem, não deu muita bola. Cerca de 5 minutos depois pedi novamente pra ir ao banheiro, minha mãe me olhou estranhando " - mas Thaís, a mãe acabou de te levar ao banheiro." disse a mãe. Mesmo assim, me levou ao banheiro, porém dessa vez não consegui fazer xixi, saiu apenas gotinhas e doía muito, e comecei a chorar. O pai então resolveu que fossemos logo à outra l